O Intervalo Divino: A Duração das Aparições de Jesus (Os Quarenta Dias)
O período compreendido entre a Ressurreição de Jesus e sua Ascensão é tradicionalmente fixado em quarenta dias, conforme o relato do livro de Atos dos Apóstolos (Atos 1:3). Durante estas seis semanas, Jesus ressuscitado apareceu repetidamente aos seus discípulos e a outros seguidores, oferecendo provas convincentes de sua vitória sobre a morte e instruindo-os acerca do Reino de Deus. A duração específica deste período parece ter um significado teológico, ecoando outros períodos de provação, preparação e transição presentes nas Escrituras.
O Testemunho de Atos e a Tradição: O livro de Atos dos Apóstolos, escrito por Lucas, é a principal fonte bíblica que estabelece a duração das aparições de Jesus após a Ressurreição em quarenta dias. Lucas afirma que Jesus se apresentou vivo aos apóstolos após sua paixão, com muitas provas incontestáveis, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando sobre o Reino de Deus. Esta informação se tornou fundamental na tradição cristã para marcar o período pascal que antecede a celebração da Ascensão.
Um Tempo de Prova e Convencimento: Os quarenta dias podem ser vistos como um tempo de prova para os discípulos, um período em que suas dúvidas e temores foram gradualmente dissipados através dos encontros repetidos com o Cristo vivo. Cada aparição oferecia novas evidências da Ressurreição, fortalecendo sua fé e preparando-os para a missão que lhes seria confiada. Este intervalo permitiu uma transição da incredulidade inicial para a certeza inabalável.
Ecoando as Escrituras: O Significado do Número Quarenta: O número quarenta possui um simbolismo significativo nas Escrituras, frequentemente associado a períodos de provação, teste, purificação ou preparação para um novo estágio. O dilúvio durou quarenta dias e quarenta noites (Gênesis 7:12), Moisés jejuou quarenta dias no Monte Sinai (Êxodo 24:18), o povo de Israel vagou quarenta anos no deserto (Números 14:34), e Jesus jejuou quarenta dias antes de iniciar seu ministério público (Mateus 4:2). O período de quarenta dias entre a Ressurreição e a Ascensão pode, portanto, ser interpretado dentro desta rica tradição bíblica, marcando um tempo de preparação final para a Igreja nascente.
A Instrução Contínua sobre o Reino: Durante estes quarenta dias, Jesus não apenas se mostrou vivo, mas também dedicou tempo para instruir seus apóstolos sobre o Reino de Deus. Ele aprofundou sua compreensão das Escrituras, revelando o plano divino que culminou em sua morte e ressurreição, e preparou-os para serem os mestres e líderes da Igreja que ele estava estabelecendo.
A Transição para a Ascensão e a Presença Espiritual: Os quarenta dias serviram como uma ponte entre a presença física terrena de Jesus e sua ascensão gloriosa aos céus. Este período permitiu que os discípulos se acostumassem com a realidade da sua Ressurreição e compreendessem que sua presença entre eles assumiria uma nova forma através do Espírito Santo, que seria enviado conforme prometido.
A Consolidação da Missão Apostólica: A Grande Comissão, dada repetidamente durante este período, ganhou um peso especial nos encontros finais antes da Ascensão. Os quarenta dias proporcionaram o tempo necessário para que Jesus reiterasse seu mandato de fazer discípulos de todas as nações, preparando os apóstolos para a tarefa monumental que tinham pela frente.
Um Tempo Delimitado com um Propósito Divino: A duração específica de quarenta dias para as aparições de Jesus após a Ressurreição não parece ser arbitrária, mas sim um período delimitado com um propósito divino. Foi o tempo necessário para fornecer evidências suficientes da Ressurreição, instruir os discípulos, comissioná-los para a missão e preparar a transição para a Ascensão e a vinda do Espírito Santo.
O Legado dos Quarenta Dias: Os quarenta dias entre a Páscoa e a Ascensão se tornaram um período significativo no calendário litúrgico cristão, um tempo de celebração da vitória de Cristo sobre a morte e de reflexão sobre o significado da sua Ressurreição para a fé e a missão da Igreja.