O mistério dos livros apócrifos: o que são?

Os livros apócrifos despertam curiosidade e debate entre cristãos. Neste artigo, entenda o que são os livros apócrifos, por que alguns estão presentes em certas Bíblias e ausentes em outras, e qual o critério usado para incluí-los ou excluí-los do cânon bíblico.


1. O que são os livros apócrifos?

Os livros apócrifos são textos antigos, de conteúdo religioso, que foram escritos entre o Antigo e o Novo Testamento. Apesar de serem considerados edificantes por alguns, não foram reconhecidos como inspirados por todos os grupos cristãos. A palavra “apócrifo” vem do grego e significa “oculto” ou “escondido”.


2. Diferença entre Bíblia católica e protestante

A principal diferença entre a Bíblia católica e a protestante está na inclusão dos livros apócrifos. A Igreja Católica os chama de “deuterocanônicos”, ou seja, “do segundo cânon”, e os inclui no Antigo Testamento. Já os protestantes os classificam como apócrifos e os excluem da Bíblia canônica.


3. Quais são os livros apócrifos mais conhecidos?

Alguns dos livros apócrifos mais conhecidos incluem: Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico (Sirácida), Baruque, 1 e 2 Macabeus. Também há acréscimos em livros como Ester e Daniel. Esses textos foram escritos originalmente em grego e fazem parte da Septuaginta, a tradução grega do Antigo Testamento.


4. Por que esses livros são controversos?

A controvérsia existe porque esses livros não foram incluídos no cânon hebraico (a Bíblia judaica), que é a base do Antigo Testamento protestante. Além disso, alguns contêm doutrinas ou práticas que não aparecem no restante das Escrituras, como orações pelos mortos (2 Macabeus 12:45-46).


5. Decisões históricas e concílios

A inclusão dos deuterocanônicos foi formalizada pela Igreja Católica no Concílio de Trento (1546), como resposta à Reforma Protestante. Por outro lado, Martinho Lutero e outros reformadores questionaram sua autoridade espiritual e os retiraram do cânon protestante, embora muitos ainda os mantivessem como leitura útil.


6. Uso nas liturgias e tradições

Os livros apócrifos são lidos em missas católicas, fazem parte da tradição ortodoxa oriental e são amplamente respeitados por seu valor histórico e moral. Já em igrejas evangélicas e protestantes, esses textos são geralmente estudados como literatura intertestamentária, sem autoridade doutrinária.


7. O valor histórico e teológico dos apócrifos

Mesmo não sendo considerados canônicos por todos, os livros apócrifos oferecem informações valiosas sobre o período entre os testamentos, incluindo o contexto político, cultural e espiritual que influenciou os primeiros cristãos. Eles também mostram a diversidade da fé judaica antes do nascimento de Jesus.


8. Devem os cristãos ler os apócrifos?

A resposta depende da tradição de fé. No entanto, ler os apócrifos pode enriquecer o entendimento da Bíblia e do contexto histórico em que ela foi escrita. Com discernimento e orientação, esses livros podem ajudar a aprofundar a fé, ainda que não sejam normativos para todas as doutrinas.