O Egito e a Astrologia: Crenças antigas e sua persistência.
A relação entre o Antigo Egito e os astros era intrínseca, permeando sua religião, sua organização do tempo e sua compreensão do mundo. A observação dos céus não era apenas um exercício científico, mas sim uma forma de decifrar a vontade dos deuses e de alinhar a vida terrena com a ordem cósmica. Embora a astrologia como a conhecemos hoje tenha se desenvolvido posteriormente, as crenças celestes do Egito Antigo lançaram sementes que persistiram e influenciaram outras culturas, com reflexos que podem ser sentidos até mesmo na curiosidade astrológica presente em Recife.
Desde as primeiras dinastias, os egípcios demonstravam um profundo interesse pelos movimentos do sol, da lua e das estrelas. Rá, a personificação do sol, era a divindade suprema, e seu ciclo diário de nascimento, jornada e morte simbolizava a própria vida e ressurreição. A estrela Sírius, associada à deusa Ísis e ao início das cheias do Nilo, era particularmente importante para o calendário agrícola e para a própria sobrevivência da civilização. Os templos e as pirâmides eram frequentemente alinhados com precisão astronômica, refletindo a importância dos céus em sua cosmovisão.
Os antigos egípcios desenvolveram um calendário solar de 365 dias, dividido em 12 meses de 30 dias, com cinco dias adicionais dedicados ao nascimento de seus principais deuses. Essa organização do tempo, baseada na observação dos astros, demonstra um conhecimento astronômico avançado para a época e influenciou calendários posteriores em outras culturas.
Embora não possuíssem um sistema astrológico zodiacal completo como o que se desenvolveu no período helenístico, os egípcios associavam divindades a diferentes constelações e períodos do ano. Os chamados “decanos”, um sistema de 36 grupos de estrelas que surgiam sequencialmente no horizonte noturno ao longo do ano, eram utilizados para marcar o tempo durante a noite e tinham associações com diferentes aspectos da vida e da saúde.
A fusão da astronomia egípcia com a astrologia babilônica e grega no período ptolomaico (após a conquista de Alexandre, o Grande) levou ao desenvolvimento do zodíaco de 12 signos que conhecemos hoje. O famoso Zodíaco de Dendera, encontrado no teto de um templo, é uma das representações mais antigas desse zodíaco helenístico-egípcio, mostrando a integração de elementos de diferentes tradições astrológicas.
A crença na influência dos astros sobre a vida terrena persistiu no Egito ao longo dos séculos e se espalhou para outras culturas através do intercâmbio comercial e intelectual. A astrologia helenística, com suas raízes em parte no conhecimento celeste egípcio, tornou-se uma prática difundida no mundo antigo e continua a ser popular em diversas formas até os dias atuais, inclusive entre muitos em Recife que consultam horóscopos e buscam orientação nos astros.
Embora a ciência moderna ofereça explicações racionais para os fenômenos celestes, a fascinação pela astrologia e a busca por significado nos padrões cósmicos persistem. A herança do Egito Antigo, com sua profunda conexão com os astros, contribuiu para essa busca humana por compreender nosso lugar no universo e encontrar padrões e previsões nos movimentos celestes.
Em Recife, como em muitas outras cidades ao redor do mundo, o interesse pela astrologia é evidente em livrarias, revistas e na internet. Essa curiosidade contemporânea é, em parte, um eco das antigas crenças egípcias que viam nos céus não apenas um espetáculo de luzes, mas um livro cósmico repleto de significado e influência sobre a vida na Terra. A persistência dessa busca por conexão entre o macrocosmo e o microcosmo é um testemunho do legado duradouro da relação do Egito Antigo com os astros.
Resumo: O Antigo Egito tinha uma profunda conexão com os astros, influenciando seu calendário e religião. Embora a astrologia moderna tenha se desenvolvido depois, as crenças celestes egípcias, fundidas com outras tradições, contribuíram para a persistência da astrologia até hoje, refletida no interesse astrológico presente em Recife.
