O sermão aos peixes: Uma lição eterna

O Sermão aos Peixes: Uma Lição Eterna de São Francisco de Assis

A figura de São Francisco de Assis transcende o tempo, cativando corações com sua radical simplicidade, amor pela criação e profunda fé. Dentre os muitos episódios que marcam sua vida, o Sermão aos Peixes se destaca como um dos mais singulares e poeticamente poderosos. Embora não seja encontrado nos cânones bíblicos, este relato, presente nas Fontes Franciscanas, oferece uma lição eterna sobre humildade, a beleza da criação e a capacidade de reconhecer a voz divina em tudo, inclusive nos seres mais simples.

O episódio narra que, em uma de suas muitas viagens de pregação, São Francisco e seu companheiro chegaram à cidade de Rivo Torto, na Úmbria, e encontraram uma comunidade que não estava receptiva à sua mensagem. Diante da indiferença humana, Francisco dirigiu-se à beira de um rio, ou de um lago próximo ao mar, e começou a pregar não às pessoas, mas aos peixes que nadavam nas águas. Este ato, que à primeira vista poderia parecer insensato, revela a essência do seu carisma.

O “sermão” em si é um louvor à criação de Deus e um convite aos peixes para reconhecerem e louvarem o Criador. Francisco exalta a sabedoria e a bondade de Deus que lhes deu a água como lar, uma infinidade de outros peixes para alimento, e as asas para as aves que lhes faziam companhia. Ele os lembra que foram preservados do Dilúvio e que Deus providencia tudo para eles. O sermão é uma exortação à gratidão e à consciência da providência divina, dirigida a criaturas que, na percepção comum, são incapazes de compreender.

A resposta dos peixes, segundo o relato, é o que torna o episódio tão marcante. Eles teriam se aproximado da margem, em grandes cardumes, e levantado suas cabeças para ouvir o santo, como se compreendessem cada palavra. Alguns teriam até batido suas caudas na água em sinal de aprovação ou alegria. Este momento mágico sublinha a crença de Francisco de que toda a criação é capaz de responder a Deus e à Sua Palavra, quando proclamada com pureza de coração.

A lição primordial do Sermão aos Peixes é a humildade radical de São Francisco. Diante da rejeição humana, ele não se revolta nem desiste, mas se volta para a parte da criação que estaria mais aberta a ouvir – os animais. Isso nos ensina que a verdadeira evangelização não se limita à receptividade imediata, mas busca encontrar ouvidos e corações em qualquer lugar, mesmo nos menos prováveis, reiterando que a Palavra de Deus sempre encontra seu caminho.

Além da humildade, o episódio revela o profundo amor de São Francisco por toda a criação como um espelho do Criador. Para ele, cada criatura, do menor inseto ao maior animal, era um irmão e irmã, merecedor de respeito e carinho. O sermão aos peixes é uma manifestação da sua convicção de que o universo inteiro é um grande coro que louva a Deus, e que os seres humanos têm o papel de convidar e participar desse louvor universal.

A história também oferece uma reflexão sobre a eficácia da Palavra de Deus. Se até os peixes são capazes de responder à pregação de um coração puro e cheio do Espírito, quanto mais os seres humanos, que foram feitos à imagem e semelhança de Deus. O sermão serve como uma crítica implícita à dureza do coração humano que, por vezes, é menos receptivo à mensagem divina do que as criaturas irracionais.

Finalmente, o Sermão aos Peixes é uma lição eterna sobre a fé simples e a confiança na providência. São Francisco não se preocupava com a lógica ou a aprovação humana ao pregar. Ele agia por impulso divino e amor puro. Este episódio nos convida a cultivar uma fé que vê Deus em tudo e que é capaz de falar a Ele e sobre Ele de maneiras não convencionais, confiando que a mensagem, se for de Deus, encontrará um “ouvido” onde quer que seja proclamada.


Resumo: O Sermão aos Peixes, de São Francisco de Assis, é um relato simbólico de sua pregação aos peixes após ser ignorado por humanos. O “sermão” é um louvor a Deus e um convite aos peixes para reconhecerem Seu Criador, culminando na resposta atenta das criaturas. A história ensina sobre a humildade radical de Francisco, seu profundo amor pela criação como reflexo de Deus, a eficácia da Palavra divina e a importância da fé simples e da confiança na providência. É uma lição eterna sobre a capacidade de encontrar a voz divina em toda a criação.