A profecia de São Malaquias e o “último papa”
A Profecia de São Malaquias é uma das mais conhecidas previsões sobre o papado, apontando para uma série de papas que governariam até a chegada de um “último papa”, associado ao fim dos tempos. A profecia, que surgiu no século XII, foi atribuída a São Malaquias, um arcebispo irlandês, e tem sido objeto de fascínio, especulação e debate ao longo dos séculos. Este artigo analisa a origem da profecia, os papa supostamente previstos, e a controvérsia em torno da ideia do “último papa”. Será que esta previsão tem alguma base histórica, ou é apenas uma lenda?
A Origem da Profecia de São Malaquias
A Profecia de São Malaquias foi registrada por Arnold de Wyon, um monge beneditino do século XVI, no livro Lignum Vitae. Ele alegava que São Malaquias, durante uma visita a Roma, teria tido uma visão sobre os papas que governariam até o fim dos tempos. A profecia consiste em uma lista de 112 papas, cada um descrito com um lema enigmático. O último papa da lista seria descrito como o “último papa”, o pontífice que governaria durante um período de grande tribulação e caos, antes do fim do mundo.
Essa lista de papas gerou grande especulação sobre a identidade do “último papa”, com muitos acreditando que a profecia fosse uma previsão literal e profética. No entanto, alguns historiadores afirmam que a profecia foi criada ou alterada após o fato, levando a debates sobre sua autenticidade e origem.
A Interpretação dos Lemas dos Papas
Cada um dos 112 papas previstos na profecia é acompanhado por um lema que, supostamente, descreve suas características ou realizações. Por exemplo, o papa Celestino II é descrito como “De rore caeli” (do orvalho do céu), enquanto o papa Pio IX é descrito como “Crux de cruce” (a cruz da cruz). Esses lemas são frequentemente enigmáticos e podem ser interpretados de várias maneiras.
Alguns estudiosos e adeptos da profecia sugerem que a última parte da lista, que menciona o “último papa”, faz referência a um pontífice que governará em tempos de grande tribulação e caos, com um período de perseguição religiosa e calamidades globais. A interpretação mais comum é que este papa seria o “papa do fim dos tempos”, um líder espiritual que, com a chegada de grandes tribulações, precederia o retorno de Cristo.
A Profecia e a Identificação dos Papas Recentes
Ao longo dos anos, muitos tentaram associar os papas recentes com os lemas proféticos. Por exemplo, o papa João Paulo II foi descrito como o “De labore solis” (do trabalho do sol), com alguns alegando que isso fazia referência à sua origem polonesa (País do Sol Nascente). A associação com João Paulo II foi feita com base no seu imenso papel na queda do comunismo e em sua conexão com a solidariedade polonesa.
O papa Bento XVI, por sua vez, é descrito pelo lema “Gloria olivae” (a glória da oliveira), que alguns interpretaram como uma referência à ordem religiosa dos beneditinos, da qual ele era um membro. A profecia, então, gerou especulações sobre se ele seria o penúltimo papa, o que levantou muitas questões sobre o futuro do papado.
O “Último Papa”: Teorias Apocalípticas e Preocupações
O tema do “último papa” tornou-se ainda mais relevante após a renúncia de Bento XVI em 2013, um evento sem precedentes na história moderna da Igreja. Isso despertou uma onda de teorias apocalípticas, com algumas pessoas sugerindo que a Profecia de São Malaquias estava se cumprindo, e que o papa Francisco seria o último da lista.
Muitos teóricos da conspiração, assim como alguns grupos religiosos, afirmam que a renúncia de Bento XVI e a subsequente eleição de Francisco são sinais de que estamos nos aproximando do fim dos tempos, como descrito na profecia. A figura do “último papa” é vista por esses grupos como um líder que enfrentará uma perseguição global e que viverá em tempos de grande agitação.
A Profecia de São Malaquias e a Igreja Católica
É importante destacar que, embora a Profecia de São Malaquias tenha sido amplamente discutida, a Igreja Católica não a reconhece oficialmente como uma previsão divina ou como parte da doutrina católica. A Igreja considera essas previsões como especulação e não parte da revelação oficial. A Renúncia de Bento XVI e a eleição de Francisco não são vistas como sinais de cumprimento da profecia, mas sim como eventos normais dentro da história da Igreja.
O Vaticano, inclusive, tem evitado qualquer envolvimento público com a profecia, preferindo focar em questões mais imediatas, como o trabalho pastoral e as necessidades espirituais dos católicos ao redor do mundo. Embora a figura do “último papa” continue a fascinar muitas pessoas, a Igreja permanece comprometida com sua missão espiritual e não vê nas previsões um guia para o futuro.
Ceticismo e Controvérsias em Torno da Profecia
A principal crítica à Profecia de São Malaquias vem de estudiosos que questionam sua autenticidade. Muitos acreditam que a lista de papas foi criada retroativamente, com lemas sendo atribuídos de forma a se ajustar aos papas que já haviam reinado. De acordo com essa teoria, a profecia seria mais uma invenção do que uma verdadeira previsão.
Além disso, a própria autenticidade da profecia de Malaquias tem sido colocada em dúvida, com muitos considerando-a como uma lenda ou uma manipulação posterior. Embora a história de Malaquias tenha sido passada de geração em geração, a falta de provas concretas sobre sua origem e veracidade gera um ceticismo considerável.
O Fascínio Contínuo Pela Profecia de São Malaquias
Apesar das controvérsias e do ceticismo em torno de sua autenticidade, a Profecia de São Malaquias continua a capturar a imaginação popular. O conceito de um “último papa” e o apocalipse que ele traria são temas fascinantes para muitos que buscam sinais de que o fim dos tempos está próximo.
Com cada eleição papal, os lemas da profecia são reexaminados, e as alegações de que estamos vivendo os últimos dias continuam a ser discutidas. No entanto, para a Igreja Católica, o papado é uma continuidade de missão espiritual e não uma busca por sinais apocalípticos.