Os Concílios Ecumênicos e a Ortodoxia

Os Concílios Ecumênicos são assembleias de bispos de toda a Igreja Cristã que se reúnem para deliberar e decidir sobre questões de fé, doutrina, disciplina e prática eclesiástica. Para a Igreja Ortodoxa, os sete primeiros concílios ecumênicos, realizados entre os séculos IV e VIII, possuem uma autoridade dogmática e canônica fundamental.

Os Sete Concílios Ecumênicos Reconhecidos pela Igreja Ortodoxa:

  1. Primeiro Concílio de Niceia (325 d.C.): Condenou o arianismo, que negava a plena divindade de Cristo, e formulou a primeira parte do Credo Niceno, afirmando que o Filho é “consubstancial ao Pai”.
  2. Primeiro Concílio de Constantinopla (381 d.C.): Expandiu o Credo Niceno (tornando-se o Credo Niceno-Constantinopolitano, recitado até hoje na liturgia), condenou diversas heresias, incluindo o macedonianismo (que negava a divindade do Espírito Santo), e definiu a posição do Patriarca de Constantinopla como segundo em honra após o Bispo de Roma.
  3. Concílio de Éfeso (431 d.C.): Condenou o nestorianismo, que separava excessivamente as naturezas divina e humana em Cristo, e proclamou a Virgem Maria como Theotokos (“Mãe de Deus”).
  4. Concílio de Calcedônia (451 d.C.): Definiu a doutrina das duas naturezas (divina e humana) de Cristo unidas “sem confusão, sem mudança, sem divisão, sem separação” em uma só Pessoa, condenando o monofisismo (que afirmava haver apenas uma natureza em Cristo). Esta definição é um ponto de divergência com as Igrejas Ortodoxas Orientais (Não Calcedonianas).
  5. Segundo Concílio de Constantinopla (553 d.C.): Condenou os “Três Capítulos” (escritos de certos teólogos que eram vistos como tendo tendências nestorianas) e reafirmou as decisões dos concílios anteriores.
  6. Terceiro Concílio de Constantinopla (680-681 d.C.): Condenou o monotelismo e o monoenergisno (que afirmavam haver apenas uma vontade e uma energia em Cristo), afirmando as duas vontades (divina e humana) e as duas energias de Cristo, de acordo com as suas duas naturezas.
  7. Segundo Concílio de Niceia (787 d.C.): Restaurou a veneração dos ícones sagrados, após um período de iconoclastia (destruição de imagens), definindo a distinção entre veneração (proskynesis) e adoração (latreia), reservada somente a Deus.

A Autoridade dos Concílios Ecumênicos na Ortodoxia:

Para a Igreja Ortodoxa, esses sete concílios ecumênicos são a mais alta expressão da autoridade doutrinária da Igreja. Suas definições são consideradas infalíveis, pois se acredita que foram guiadas pelo Espírito Santo e expressam a fé apostólica unânime da Igreja. Os cânones (regras) promulgados por esses concílios também têm grande autoridade na organização e disciplina da Igreja.

Desenvolvimentos Posteriores:

Embora a Igreja Ortodoxa reconheça a autoridade dogmática primária desses sete concílios ecumênicos, ao longo da história, sínodos e concílios posteriores também abordaram questões importantes. No entanto, nenhum deles é universalmente reconhecido como “ecumênico” da mesma forma que os sete primeiros. Alguns sínodos posteriores são considerados de importância pan-ortodoxa e confirmam ou aplicam os ensinamentos dos concílios ecumênicos. Um exemplo notável é o Concílio de Constantinopla (879-880 d.C.), que alguns ortodoxos consideram o “Oitavo Concílio Ecumênico”, embora não seja reconhecido como tal por todos.

Em resumo, os são a base da doutrina e da fé ortodoxa. Os sete primeiros concílios são considerados a voz da Igreja una e indivisa, guiada pelo Espírito Santo, e suas decisões continuam a moldar a teologia e a prática da Igreja Ortodoxa até os dias de hoje.