O Cordeiro: Símbolo do Sacrifício de Jesus.

A imagem do cordeiro permeia as Escrituras, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, carregando um profundo simbolismo de sacrifício e redenção. No contexto da Páscoa judaica, o cordeiro pascal era central para a libertação do Egito. Para os cristãos, Jesus Cristo é o cumprimento final desse símbolo, apresentado como o Cordeiro de Deus cujo sacrifício perfeito na cruz oferece a redenção do pecado e a vida eterna para toda a humanidade. Este artigo explora a evolução e o significado do cordeiro como símbolo do sacrifício de Jesus.

Desde os primórdios da fé, o cordeiro tem sido um símbolo poderoso de sacrifício e expiação. No Antigo Testamento, o sacrifício de cordeiros era uma prática comum para buscar o perdão dos pecados e restabelecer a comunhão com Deus. A pureza e a inocência do cordeiro o tornavam uma oferta adequada para representar a necessidade de reconciliação entre um Deus santo e um povo pecador.

No contexto específico da Páscoa judaica (Pessach), o cordeiro pascal desempenhou um papel crucial no evento da libertação do Egito. Deus instruiu os israelitas a sacrificarem um cordeiro sem defeito e a passarem seu sangue nas ombreiras das portas de suas casas como um sinal. Esse sinal protegeria seus primogênitos da décima praga, a morte dos primogênitos egípcios (Êxodo 12). Assim, o cordeiro pascal tornou-se um símbolo da misericórdia e da redenção divina, marcando a “passagem” da morte para a vida e da escravidão para a liberdade.

Com a vinda de Jesus Cristo, o simbolismo do cordeiro atinge sua plenitude e recebe uma nova e profunda dimensão. João Batista, ao ver Jesus se aproximar, exclamou: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (João 1:29). Essa declaração inicial estabelece Jesus como o cumprimento definitivo do símbolo do cordeiro pascal e de todos os sacrifícios do Antigo Testamento.

No Novo Testamento, a imagem de Jesus como o Cordeiro de Deus é recorrente. Ele é apresentado como o sacrifício perfeito e imaculado, oferecido de uma vez por todas para a redenção dos pecados da humanidade (Hebreus 9:12, 28). Assim como o sangue do cordeiro pascal trouxe libertação física, o sangue de Jesus, derramado na cruz, oferece libertação espiritual da escravidão do pecado e da morte eterna.

O apóstolo Paulo reforça essa analogia ao declarar: “Pois Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado” (1 Coríntios 5:7). Ao se referir a Jesus como “nossa Páscoa”, Paulo estabelece uma clara conexão entre o sacrifício do cordeiro pascal e o sacrifício de Cristo. Jesus se torna o Cordeiro Pascal definitivo, cujo sacrifício não apenas nos livra da condenação do pecado, mas também inaugura uma Nova Aliança entre Deus e a humanidade.

A imagem do Cordeiro também aparece no livro do Apocalipse, onde Jesus é retratado como o Cordeiro que foi morto, mas que agora reina em glória e poder (Apocalipse 5:6-14). Essa imagem paradoxal do Cordeiro vitorioso ressalta a natureza única do sacrifício de Jesus, que, através da morte, conquistou a vida e a vitória sobre as forças do mal.

Em conclusão, o cordeiro é um símbolo poderoso que atravessa as Escrituras, culminando na figura de Jesus Cristo como o Cordeiro de Deus. Do cordeiro pascal que trouxe libertação física no Êxodo ao sacrifício perfeito de Jesus que oferece redenção espiritual, o cordeiro simboliza o amor sacrificial de Deus e a provisão para a nossa libertação do pecado e da morte. Compreender esse simbolismo enriquece nossa apreciação da profundidade do sacrifício de Jesus e da esperança que encontramos nele.