O apelo de Paulo à pureza sexual em 1 Coríntios 6.

O capítulo 6 da Primeira Carta de Paulo aos Coríntios apresenta um apelo urgente e direto à pureza sexual dentro da comunidade cristã. Diante de um ambiente cultural permissivo e da influência de práticas imorais, Paulo argumenta veementemente que a santidade sexual é uma marca distintiva dos seguidores de Cristo, fundamentando seu chamado na união dos crentes com o Senhor, na habitação do Espírito Santo em seus corpos e no propósito de glorificar a Deus em todas as dimensões da vida.

A cidade de Corinto, no século I, era notória por sua atmosfera moralmente permissiva, onde a promiscuidade sexual era amplamente aceita e até mesmo integrada em práticas religiosas pagãs. Nesse contexto desafiador, a jovem igreja cristã lutava para definir sua identidade e estabelecer padrões de conduta que refletissem a santidade de Deus. O apóstolo Paulo, ciente das influências corruptoras que ameaçavam a pureza da comunidade, dedica o capítulo 6 de sua Primeira Carta aos Coríntios a um apelo inequívoco à santidade sexual.

Paulo inicia sua argumentação confrontando a prática dos crentes de resolverem disputas legais uns contra os outros perante tribunais seculares (1 Coríntios 6:1-11). Essa conduta, segundo ele, era uma vergonha para a comunidade cristã, que um dia julgará o mundo e até mesmo os anjos. Essa repreensão inicial serve como pano de fundo para o seu apelo à pureza sexual, demonstrando a inconsistência de buscar justiça secular enquanto se negligenciava a santidade pessoal e comunitária.

No cerne do seu apelo à pureza sexual, Paulo aborda um provável slogan popular entre os coríntios: “Todas as coisas me são lícitas” (1 Coríntios 6:12). Embora reconheça a liberdade cristã, ele a qualifica com dois princípios essenciais: “mas nem todas as coisas convêm” e “mas eu não me deixarei dominar por nenhuma”. Essa distinção crucial estabelece que a liberdade em Cristo não é uma licença para a libertinagem, mas deve ser exercida com discernimento, visando o que é edificante e evitando qualquer forma de escravidão aos desejos carnais.

Paulo então direciona seu foco especificamente para a questão da imoralidade sexual (porneia), argumentando que “o corpo não é para a fornicação, senão para o Senhor, e o Senhor para o corpo” (1 Coríntios 6:13). Ele estabelece um elo vital entre o corpo dos crentes e Cristo, lembrando-os de que Deus ressuscitou o Senhor e também os ressuscitará pelo Seu poder. Essa união com Cristo implica que nossos corpos se tornam membros do Seu próprio corpo, tornando a união com uma prostituta uma profanação dessa ligação sagrada.

O apóstolo enfatiza a singularidade do pecado sexual ao afirmar: “Fujam da imoralidade sexual. Todos os outros pecados que alguém comete são cometidos fora do corpo, mas quem peca sexualmente, peca contra o seu próprio corpo” (1 Coríntios 6:18). Embora todos os pecados sejam ofensivos a Deus, Paulo destaca a natureza intrínseca do pecado sexual, que viola diretamente o templo do Espírito Santo que habita no corpo do crente.

Essa ideia da habitação do Espírito Santo é fundamental para o apelo de Paulo: “Acaso não sabem que o corpo de vocês é santuário do Espírito Santo que habita em vocês, que lhes foi dado por Deus, e que vocês não são de vocês mesmos? 1 Porque vocês foram comprados por alto preço. Portanto, glorifiquem a Deus com o corpo de vocês” (1 Coríntios 6:19-20). Os corpos dos crentes não lhes pertencem; foram redimidos pelo sacrifício de Cristo e agora são morada do Espírito Santo. Essa verdade implica uma responsabilidade solene de honrar a Deus com cada parte do nosso ser, incluindo nossa sexualidade.  

Em suma, o apelo de Paulo à pureza sexual em 1 Coríntios 6 é um chamado à santidade integral, fundamentado na nossa união com Cristo, na habitação do Espírito Santo e na nossa condição de propriedade de Deus. Ele exorta os crentes a fugirem da imoralidade sexual, a exercerem sua liberdade com discernimento e a glorificarem a Deus com seus corpos, reconhecendo o alto preço pago por sua redenção. Essa mensagem continua relevante para a igreja moderna, confrontando a cultura sexualmente permissiva e chamando os seguidores de Cristo a viverem de acordo com os padrões de santidade estabelecidos por Deus, aqui em Recife e em todo o mundo.