A Origem da Páscoa na Celebração Judaica (Pessach).

A Páscoa, conhecida como Pessach em hebraico, é uma das festas mais significativas e antigas do calendário judaico. Este artigo explora a origem histórica e o significado fundamental desta celebração, que comemora a libertação do povo de Israel da escravidão no Egito, conforme narrado no livro de Êxodo. A Páscoa judaica relembra a intervenção divina, os milagres operados por Deus e a instituição de rituais e tradições que perpetuam a memória desse evento crucial na história do povo judeu.

A Páscoa judaica, ou Pessach, mergulha suas raízes profundamente nos eventos narrados no livro bíblico de Êxodo, marcando a libertação milagrosa do povo de Israel da escravidão no Egito, por volta do século XIII a.C. Esta celebração de oito dias (sete em Israel) não é apenas uma recordação histórica, mas uma vivência anual da jornada da escravidão para a liberdade, transmitindo valores de redenção, identidade e fé através de gerações.

O relato bíblico narra que os israelitas foram subjugados a uma dura escravidão no Egito, sob o domínio do Faraó. Diante do sofrimento do seu povo, Deus escolheu Moisés para liderar a luta pela libertação. Após as repetidas recusas do Faraó em permitir a partida dos israelitas, Deus enviou dez pragas devastadoras sobre o Egito, cada uma com o propósito de demonstrar o seu poder e forçar a libertação.

A décima e última praga foi a mais terrível: a morte de todos os primogênitos do Egito, tanto de homens quanto de animais. Para proteger os israelitas dessa calamidade, Deus instruiu Moisés a ordenar que cada família sacrificasse um cordeiro sem defeito e passasse o seu sangue nos umbrais e nas ombreiras das portas de suas casas. Este sinal seria um indicativo para que o anjo da morte “passasse por cima” (em hebraico, “passach”) dessas casas, poupando seus habitantes.

Este evento crucial deu origem ao nome da festa: Pessach, ou Páscoa. A proteção divina através do sangue do cordeiro marcou a noite da libertação, quando o Faraó, finalmente derrotado pela magnitude da tragédia, permitiu que os israelitas partissem do Egito rumo à liberdade da Terra Prometida.

A pressa da partida foi tamanha que os israelitas não tiveram tempo para que sua massa de pão levedasse. Por essa razão, durante a celebração da Páscoa, é proibido consumir qualquer alimento fermentado (chametz). Em vez disso, come-se o matzá, um pão ázimo, sem fermento, que simboliza a urgência da libertação e a humildade da escravidão.

A celebração da Páscoa judaica é centrada em torno do Seder, uma refeição ritual realizada na primeira (e segunda, fora de Israel) noite da festa. O Seder é conduzido por um livro chamado Hagadá, que narra a história do Êxodo, intercalando a leitura com canções, orações, discussões e a ingestão de alimentos simbólicos. Cada elemento do Seder possui um significado específico, relembrando os sofrimentos da escravidão e as maravilhas da libertação.

Entre os alimentos simbólicos do Seder estão o maror (ervas amargas), que representa a amargura da escravidão; o charosset (uma mistura doce de frutas e nozes), que lembra a argamassa usada pelos escravos na construção; o karpas (uma verdura mergulhada em água salgada), que simboliza as lágrimas derramadas; o zeroa (osso de cordeiro), que relembra o sacrifício pascal; e o beitzá (ovo cozido), que representa o luto e a esperança.

A Páscoa judaica, portanto, é muito mais do que uma simples comemoração histórica. É uma experiência viva que reconecta os judeus de todas as gerações com a sua ancestralidade, com a sua fé em um Deus libertador e com os valores de liberdade e justiça. Através de seus rituais, alimentos e narrativas, a Páscoa judaica perpetua a memória da libertação do Egito, ensinando lições atemporais sobre a opressão, a redenção e a importância da liberdade para todos os povos.