Como a fé influencia a política no Irã

A fé islâmica xiita tem papel central na política do Irã, moldando suas instituições, leis e decisões governamentais. Desde a Revolução Islâmica de 1979, a religião se entrelaça profundamente com o Estado, influenciando a liderança e o direcionamento do país. Este artigo explora essa relação complexa entre fé e poder no contexto iraniano.


1. A Revolução Islâmica de 1979: marco da união entre fé e política

A Revolução de 1979 transformou o Irã de uma monarquia secular para uma república islâmica guiada pelos princípios da fé xiita. Liderada pelo aiatolá Khomeini, essa revolução estabeleceu a teocracia como sistema político, onde a autoridade religiosa detém poder sobre as decisões políticas.

2. O sistema do Velayat-e Faqih

No centro da política iraniana está o conceito do Velayat-e Faqih (Guarda do Jurista), que concede ao aiatolá supremo autoridade religiosa e política máxima. Essa doutrina justifica a liderança de clérigos na direção do Estado, garantindo que as leis estejam em conformidade com a Sharia e a fé xiita.

3. O papel do aiatolá supremo

O aiatolá supremo é a figura política mais poderosa do Irã, supervisionando todas as instituições governamentais, as forças armadas e as políticas internas e externas. Sua legitimidade baseia-se na autoridade religiosa, o que faz da fé o alicerce do poder político.

4. Leis e a Sharia no sistema jurídico iraniano

A legislação iraniana é fortemente influenciada pela Sharia (lei islâmica), aplicando princípios religiosos às questões civis, criminais e familiares. Isso reforça a influência da fé nas decisões judiciais e no funcionamento da sociedade.

5. Influência da fé na política externa

A fé xiita também guia a postura do Irã no cenário internacional, com o país apoiando movimentos xiitas e grupos aliados em várias regiões, como no Iraque, Líbano e Síria, visando fortalecer a comunidade xiita global e ampliar sua influência geopolítica.

6. Controle religioso sobre os processos eleitorais

Embora o Irã realize eleições, os candidatos passam por um rigoroso processo de aprovação pelo Conselho dos Guardiões, órgão dominado por clérigos que assegura que apenas políticos alinhados com a fé e os interesses religiosos possam concorrer.

7. A fé como elemento unificador e legitimador

A religião xiita funciona como um fator de coesão social e legitimidade para o regime iraniano, mobilizando a população em torno de valores compartilhados e justificando políticas por meio da autoridade divina.

8. Conclusão: a inseparabilidade entre fé e política no Irã

No Irã, a fé não é apenas uma dimensão espiritual, mas um elemento estruturante da política e do Estado. Essa relação estreita entre religião e poder continua a definir a identidade nacional e as dinâmicas internas e externas do país.