O evangelho que quase entrou na Bíblia: conheça o Evangelho de Tomé

O Evangelho de Tomé é um dos escritos apócrifos mais intrigantes do cristianismo primitivo. Descoberto em Nag Hammadi, no Egito, esse evangelho é formado por 114 ditos atribuídos a Jesus e levanta debates sobre sua possível inclusão no cânon bíblico. Conheça a história, o conteúdo e o motivo pelo qual ele não foi incluído na Bíblia oficial.


1. A descoberta do Evangelho de Tomé

O Evangelho de Tomé foi descoberto em 1945, em Nag Hammadi, no Egito, junto a outros textos gnósticos. Acredita-se que ele tenha sido escrito por volta do século II, em copta, com base em fontes mais antigas em grego. A obra causou impacto por trazer supostos ensinamentos diretos de Jesus.

2. O formato: ditos de Jesus

Diferente dos evangelhos canônicos (Mateus, Marcos, Lucas e João), o Evangelho de Tomé não apresenta narrativa, milagres ou crucificação. Ele é composto por 114 “ditos” atribuídos a Jesus, registrados de forma direta e enigmática, sugerindo um tom mais esotérico e filosófico.

3. Um evangelho gnóstico?

Muitos estudiosos classificam o Evangelho de Tomé como um texto gnóstico, pois ele valoriza o conhecimento (gnose) como caminho para a salvação e apresenta uma visão mais interiorizada e mística do reino de Deus. No entanto, há debates sobre se ele realmente deve ser rotulado assim.

4. Tomé, o “gêmeo” de Jesus?

O texto é atribuído a “Dídimo Judas Tomé”, que aparece nos evangelhos canônicos como o discípulo incrédulo. Em alguns círculos cristãos primitivos, ele era visto como alguém que possuía revelações profundas, o que justifica a autoria simbólica deste evangelho.

5. Por que não entrou na Bíblia?

O Evangelho de Tomé não foi incluído no cânon por diversos motivos: sua origem tardia, a ausência de relatos históricos da vida de Jesus, seu conteúdo muitas vezes ambíguo, e sua associação com movimentos considerados heréticos pela Igreja primitiva, como o gnosticismo.

6. Contrastes com os evangelhos oficiais

Enquanto os evangelhos canônicos apresentam Jesus como o Messias encarnado e enfatizam fé, graça e salvação, o Evangelho de Tomé se concentra na autoiluminação e no autoconhecimento. Isso contrastava com a doutrina cristã tradicional e contribuiu para sua exclusão.

7. O interesse moderno

Nos tempos modernos, o Evangelho de Tomé despertou o interesse de estudiosos, curiosos e até espiritualistas. Alguns veem nele uma janela para a diversidade do cristianismo primitivo; outros o estudam como uma peça importante da literatura cristã não-canônica.

8. Um convite ao discernimento

Embora não faça parte da Bíblia, o Evangelho de Tomé oferece um olhar alternativo sobre os ensinamentos de Jesus. Seu estudo, com discernimento, pode enriquecer o conhecimento sobre os primeiros séculos do cristianismo e os diferentes caminhos que a fé percorreu.