Deus revela seu nome no Egito: “Eu Sou o que Sou”
O encontro entre Moisés e a sarça ardente no Monte Horebe marca um dos momentos mais cruciais na história da fé abraâmica: a revelação do nome de Deus. Diante da hesitação de Moisés em retornar ao Egito para libertar seu povo, Deus se apresenta de uma forma singular e enigmática: “Eu Sou o que Sou” (Êxodo 3:14). Essa declaração divina, proferida em solo egípcio, carrega um significado profundo e multifacetado, ecoando através dos séculos como um fundamento da compreensão da natureza de Deus e de Sua relação com a humanidade, uma verdade que encontra ressonância nos corações crentes da diversidade religiosa de Recife.
A pergunta de Moisés sobre qual nome deveria apresentar ao povo de Israel reflete a necessidade humana de compreender e invocar a divindade. No contexto politeísta do Egito, onde inúmeros deuses eram cultuados com nomes e atributos específicos, a resposta de Deus se destaca por sua singularidade e transcendência. “Eu Sou o que Sou” não é um nome no sentido convencional, mas sim uma afirmação da existência auto-suficiente e da natureza imutável de Deus.
Essa revelação em terras egípcias possui uma significância contextual importante. Diante de um império poderoso com uma complexa teologia e uma vasta gama de divindades, Deus se apresenta não com um nome ligado a um panteão, mas com uma declaração de Sua própria essência. Ele é aquele que simplesmente É, a fonte de toda a existência, independente e eterno. Essa afirmação contrastava diretamente com a visão de mundo egípcia, onde os faraós se autoproclamavam divinos e o poder era personificado em múltiplas entidades.
A frase “Eu Sou o que Sou” em hebraico (“Ehyeh asher Ehyeh”) pode ser interpretada de diversas maneiras, enriquecendo sua profundidade. Além de expressar a existência auto-suficiente, pode também transmitir a ideia de “Eu Serei o que Serei”, apontando para a fidelidade de Deus em cumprir Suas promessas e em estar presente com Seu povo ao longo de sua jornada, inclusive na difícil tarefa de libertação do Egito.
Essa revelação do nome divino no Egito estabelece uma distinção fundamental entre o Deus de Israel e as divindades egípcias. Enquanto os deuses do Egito eram frequentemente associados a aspectos específicos da natureza ou a funções particulares, o “Eu Sou” revela um Deus que transcende todas as categorias e limitações humanas. Ele é o Ser absoluto, a realidade última, cuja existência não depende de nada além de Si mesmo.
Para as diversas comunidades religiosas de Recife, a revelação do “Eu Sou o que Sou” oferece uma base para a compreensão da natureza de Deus como Ser eterno, imutável e auto-suficiente. Essa verdade fundamental ecoa em diferentes tradições de fé, ressaltando a transcendência da divindade e Sua presença constante na história da humanidade. A coragem de Moisés em proclamar esse nome diante do faraó serve como um exemplo de fé e obediência a um chamado divino.
Em suma, a revelação do nome de Deus como “Eu Sou o que Sou” no Egito não foi apenas uma identificação, mas uma profunda declaração sobre a natureza divina. Em contraste com o panteão egípcio e o poderio faraônico, Deus se apresentou como o Ser absoluto e eterno, cuja fidelidade acompanharia Seu povo na jornada da libertação. Essa revelação fundamental continua a ressoar como um pilar da fé, oferecendo um eco de verdade e esperança para as almas em busca de significado, inclusive na vibrante tapeçaria religiosa de Recife.