A unção de Saul e Davi: papel decisivo de Samuel

O profeta Samuel teve um papel fundamental na transição do governo teocrático para a monarquia em Israel. Foi ele quem ungiu Saul e, posteriormente, Davi como reis, obedecendo à direção divina. Neste artigo, exploramos como essas unções revelam a autoridade espiritual de Samuel e o propósito soberano de Deus.


O Contexto: Da Teocracia à Monarquia

Durante o tempo dos juízes, Israel era governado por líderes levantados por Deus em momentos de crise. Samuel foi o último desses juízes e também profeta e sacerdote. No entanto, o povo de Israel, insatisfeito com o sistema vigente e desejando ser como as outras nações, pediu um rei (1 Samuel 8:4-5).

Samuel ficou entristecido com o pedido, mas Deus o instruiu a atender ao desejo do povo, esclarecendo que não era a Samuel que estavam rejeitando, e sim ao próprio Senhor como rei (1 Samuel 8:7). Mesmo relutante, Samuel seguiu a vontade divina e foi o instrumento de Deus para estabelecer a monarquia.


A Unção de Saul: Um Rei Segundo o Coração do Povo

Em 1 Samuel 9 e 10, vemos Samuel sendo guiado por Deus para ungir Saul, um jovem benjamita, como o primeiro rei de Israel. Saul tinha boa aparência e postura imponente, características que agradavam ao povo (1 Samuel 9:2). Deus revelou a Samuel:

“Este é o homem de quem te falei; ele governará o meu povo” (1 Samuel 9:17).

Samuel ungiu Saul com óleo, símbolo da capacitação divina, e proclamou sua escolha diante do povo (1 Samuel 10:1, 10:24). Ele também instruiu Saul sobre o papel real e os limites de sua autoridade, lembrando que o rei deveria se submeter à vontade de Deus.


A Queda de Saul e o Julgamento Profético

Embora Saul tenha começado bem, seu reinado foi marcado por desobediência. Ele ofereceu sacrifício sem permissão (1 Samuel 13:8-14) e desobedeceu às ordens de Deus ao poupar o rei Agague e os melhores animais dos amalequitas (1 Samuel 15).

Samuel confrontou Saul diretamente e declarou que Deus o havia rejeitado como rei:

“Porque rejeitaste a palavra do Senhor, ele também te rejeitou como rei” (1 Samuel 15:23).

A dor de Samuel foi profunda, e ele chorou por Saul (1 Samuel 15:35), mas permaneceu fiel ao Senhor. Foi então que Deus o enviou a ungir um novo rei.


A Unção de Davi: Um Rei Segundo o Coração de Deus

Em 1 Samuel 16, Deus ordena que Samuel vá a Belém à casa de Jessé, pois dentre seus filhos estava o novo rei escolhido. Samuel quase se enganou ao ver Eliabe, irmão mais velho de Davi, mas Deus o corrigiu:

“O Senhor não vê como o homem vê; o homem vê o exterior, mas o Senhor vê o coração” (1 Samuel 16:7).

Davi, o menor e mais improvável entre os irmãos, foi ungido por Samuel. O Espírito do Senhor se apoderou dele desde aquele dia (1 Samuel 16:13), e a história do maior rei de Israel começava ali, sob a autoridade espiritual de Samuel.


O Papel Decisivo de Samuel

Samuel não apenas realizou os atos simbólicos da unção. Ele foi o elo entre Deus e a monarquia. Sua obediência, discernimento espiritual e coragem permitiram que a vontade divina se cumprisse, mesmo em tempos de crise política e desilusão.

Ele confrontou reis, proclamou juízo, chorou perdas e perseverou na fidelidade. Sua atuação como profeta foi fundamental para legitimar e conduzir o processo de transição de governo, segundo os planos soberanos de Deus.


Conclusão: Um Profeta Entre Dois Reinos

Samuel foi uma ponte entre o governo dos juízes e a era dos reis. Ungiu Saul, o rei desejado pelo povo, e depois Davi, o rei escolhido por Deus. Em ambas as situações, Samuel não agiu por vontade própria, mas como instrumento obediente do Senhor. Seu papel reforça a importância da liderança espiritual na condução dos propósitos divinos na história.