A Celebração da “Antipascha” ou “Domingo de Tomé”: O Fortalecimento da Fé Através do Encontro com o Ressuscitado

O domingo seguinte à Páscoa Ortodoxa é conhecido como “Antipascha” (em grego, “em vez da Páscoa” ou “segunda Páscoa”) ou “Domingo de Tomé”. Esta celebração comemora a aparição de Jesus ressuscitado aos seus discípulos, especialmente a São Tomé, que inicialmente duvidou da Ressurreição até tocar nas feridas de Cristo. O Domingo de Tomé não diminui a alegria pascal, mas a expande, oferecendo uma reflexão sobre a fé, a dúvida e o poder do encontro pessoal com o Senhor ressuscitado para fortalecer a crença.

O domingo que sucede a radiante celebração da Páscoa Ortodoxa ocupa um lugar especial no calendário litúrgico, sendo conhecido como “Antipascha” ou, mais familiarmente, “Domingo de Tomé”. O termo “Antipascha” não implica uma substituição da Páscoa, mas sim uma “segunda Páscoa” ou uma “renovação da Páscoa”, focando em um aspecto crucial da experiência da Ressurreição: o fortalecimento da fé através do encontro pessoal com o Cristo vivo.

A celebração deste domingo comemora a aparição de Jesus ressuscitado aos seus discípulos oito dias após a Páscoa, um evento narrado no Evangelho de João (20:24-29). A figura central desta liturgia é o Apóstolo Tomé, que não estava presente quando Jesus apareceu pela primeira vez aos outros discípulos e expressou sua incredulidade, declarando que não acreditaria até ver e tocar nas feridas de Cristo.

A liturgia do Domingo de Tomé nos lembra da humanidade da fé, que muitas vezes passa por momentos de dúvida e questionamento. A honestidade de Tomé em expressar sua incredulidade não é condenada, mas serve como um ponto de partida para um encontro transformador com o Senhor ressuscitado. Quando Jesus aparece novamente, as portas estando fechadas, Ele se dirige diretamente a Tomé, convidando-o a tocar em suas feridas, oferecendo uma prova tangível da sua Ressurreição.

O encontro pessoal de Tomé com Cristo resulta em uma profunda profissão de fé: “Senhor meu e Deus meu!” (João 20:28). Esta declaração não apenas confirma a Ressurreição, mas também reconhece a divindade de Jesus. O Domingo de Tomé, portanto, celebra a passagem da dúvida à certeza, da incredulidade à fé fortalecida através da experiência do Cristo vivo.

A celebração do Domingo de Tomé no oitavo dia após a Páscoa possui também um significado simbólico. Na tradição judaica, o oitavo dia marcava o início de um novo ciclo. Assim, o Domingo de Tomé aponta para o início da nova criação inaugurada pela Ressurreição de Cristo, um tempo de renovação espiritual e de fé fortalecida pelo encontro com o Senhor.

Em Recife, a celebração do Domingo de Tomé na comunidade ortodoxa oferece uma oportunidade para refletir sobre a própria jornada de fé. As leituras bíblicas e os hinos deste dia nos encorajam a buscar um encontro pessoal com o Cristo ressuscitado, mesmo em meio às nossas dúvidas e incertezas, confiando que Ele se revelará a nós e fortalecerá a nossa crença.

A alegria pascal não diminui no Domingo de Tomé, mas se aprofunda, mostrando que a fé genuína muitas vezes passa pelo crivo da dúvida antes de florescer em uma certeza inabalável. O exemplo de Tomé nos encoraja a não termos medo de questionar, mas a buscarmos ativamente um encontro com o Senhor ressuscitado, que é capaz de transformar a nossa incredulidade em uma profunda profissão de fé.

Em suma, a celebração da “Antipascha” ou “Domingo de Tomé” na tradição ortodoxa é um momento crucial dentro do Período Pascal. Ela nos convida a refletir sobre a natureza da fé, a reconhecer a possibilidade da dúvida em nossa jornada espiritual e a buscar um encontro pessoal com o Cristo ressuscitado, cujo poder transformador é capaz de fortalecer a nossa crença e nos conduzir a uma profunda profissão de fé, como a do próprio Apóstolo Tomé.