A Ressurreição e a Renovação da Criação na Teologia Ortodoxa
A teologia ortodoxa ensina que a Ressurreição de Jesus Cristo não é um evento isolado com implicações apenas para a humanidade, mas o princípio e a garantia da renovação de toda a criação. A vitória de Cristo sobre a morte e o pecado inaugura a restauração cósmica, a libertação da criação da corrupção e a promessa de um novo céu e uma nova terra onde toda a existência viverá em plena comunhão com Deus. A celebração da Páscoa é, portanto, uma antecipação dessa renovação universal e um chamado à nossa participação na cura e preservação do mundo.
Na rica tapeçaria da teologia ortodoxa, a Ressurreição de Jesus Cristo ressoa como um evento de significado cósmico, transcendendo a mera redenção da humanidade para abranger a renovação de toda a criação. A vitória de Cristo sobre a morte e o pecado não é um ato isolado, mas o princípio ativo da restauração de todas as coisas ao seu estado original de harmonia e beleza, como planejado por Deus desde a fundação do mundo.
A perspectiva ortodoxa ensina que a queda do ser humano no pecado não apenas o alienou de Deus, mas também introduziu a corrupção e a decadência em toda a criação (Romanos 8:19-22). A natureza, outrora em perfeita sintonia com o Criador, passou a gemer sob o peso da mortalidade e da desordem. A Ressurreição de Cristo, ao vencer a morte, inicia o processo de cura e libertação dessa escravidão.
Assim como a ressurreição de Cristo é a primícia da nossa própria ressurreição, ela também é a primícia da renovação de toda a criação. O corpo glorificado de Cristo, livre da corrupção e da morte, é o modelo da transformação que aguarda todo o universo. A teologia ortodoxa vislumbra um futuro onde haverá “novos céus e uma nova terra” (Apocalipse 21:1), uma criação restaurada à sua beleza original e habitada por aqueles que foram redimidos.
A celebração da Páscoa, portanto, não é apenas uma lembrança de um evento passado, mas uma antecipação gozosa dessa futura renovação. A alegria pascal transborda para além da esfera humana, abraçando a esperança de um mundo reconciliado com Deus, onde a dor, o sofrimento e a morte não terão mais lugar.
Esta visão da Ressurreição e da renovação da criação tem implicações diretas para a forma como os cristãos ortodoxos entendem e se relacionam com o meio ambiente. Somos chamados a ser mordomos responsáveis da criação, reconhecendo o seu valor intrínseco e trabalhando ativamente para a sua preservação e cura. A destruição da natureza é vista como uma afronta ao Criador e um obstáculo à plena realização da promessa pascal.
Em Recife, com sua rica biodiversidade e beleza natural, a mensagem da Ressurreição como renovação da criação ressoa de maneira particular. A celebração da Páscoa pode inspirar a comunidade ortodoxa local a um engajamento ainda maior na proteção do meio ambiente, vendo nessa ação uma expressão concreta da esperança pascal na restauração de todas as coisas.
Em suma, a teologia ortodoxa oferece uma visão abrangente da Ressurreição de Cristo como o ponto de partida para a renovação de toda a criação. Esta esperança cósmica nos convida a celebrar a Páscoa com alegria, a viver com responsabilidade em relação ao mundo natural e a aguardar com fé a plena restauração de todas as coisas no Reino vindouro de Deus.