O sermão da montanha (Mateus 5-7)
O Sermão da Montanha, registrado em Mateus 5-7, é uma das passagens mais significativas e conhecidas dos Evangelhos. Nele, Jesus transmite ensinamentos fundamentais sobre a vida cristã, o caráter do Reino de Deus e o comportamento que deve ser cultivado por Seus discípulos. Este artigo explora as bem-aventuranças, os mandamentos, as parábolas e os ensinamentos éticos de Jesus, oferecendo uma visão poderosa da vida cristã segundo o Sermão da Montanha.
Artigo Completo
1. O Contexto do Sermão da Montanha
O Sermão da Montanha ocorre logo após o início do ministério de Jesus, em um momento em que Ele estava atraindo grandes multidões na região da Galileia. Jesus sobe a uma montanha, e Seus discípulos se aproximam para ouvir Seus ensinamentos. A multidão também está presente, e a ênfase de Jesus é ensinar sobre o Reino de Deus, revelando o que significa ser verdadeiro seguidor de Deus em um mundo cheio de injustiças e desafios.
Jesus, ao ensinar na montanha, oferece uma visão do comportamento e dos princípios que os cidadãos do Reino dos Céus devem viver, contrastando os valores do Reino com as atitudes e práticas comuns da época. Seus ensinamentos continuam sendo uma base para a ética cristã até hoje.
2. As Bem-Aventuranças (Mateus 5:3-12)
O Sermão da Montanha começa com as Bem-Aventuranças, onde Jesus proclama os “abençoados” ou “felizes” aqueles que, aparentemente, são os mais fracos ou desfavorecidos segundo os padrões mundanos, mas que são valorizados no Reino de Deus. As Bem-Aventuranças incluem declarações como:
- “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus.”
- “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.”
- “Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra.”
Essas declarações invertidas desafiam a visão convencional de poder e sucesso, destacando a humildade, a compaixão e a busca pela justiça como virtudes essenciais para aqueles que seguem a Jesus. O Reino de Deus é oferecido aos humildes, aos que sofrem, aos pacificadores e aos que têm fome e sede de justiça.
3. A Sal e a Luz (Mateus 5:13-16)
Jesus ensina aos Seus discípulos que são “sal da terra” e “luz do mundo”. Ele os desafia a viver de maneira a influenciar positivamente a sociedade, preservando o bem e iluminando as trevas ao redor. O sal, usado para preservar alimentos, simboliza a responsabilidade dos cristãos em manter a moralidade e a justiça no mundo. A luz, por sua vez, representa a verdade de Deus que deve brilhar através das ações dos discípulos, guiando os outros a conhecer a Deus.
Este ensino destaca a missão dos cristãos de serem agentes de transformação no mundo, não para chamar atenção para si mesmos, mas para glorificar a Deus em tudo o que fazem.
4. A Lei e os Profetas (Mateus 5:17-20)
Jesus afirma que não veio abolir a Lei (os ensinamentos do Antigo Testamento) ou os Profetas, mas cumprir tudo o que estava escrito neles. Ele destaca a importância da obediência à lei divina, indo além da mera conformidade externa. Jesus enfatiza que a verdadeira justiça deve exceder a justiça dos fariseus, que eram conhecidos por sua rigidez e hipocrisia, e deve ser algo do coração, não apenas da aparência.
Este ensino destaca que a vida cristã deve ser baseada em um compromisso profundo com os princípios espirituais e com uma transformação interna, e não em uma prática legalista vazia.
5. O Código de Conduta Cristã (Mateus 5:21-48)
Jesus oferece uma série de ensinamentos que vão além da interpretação superficial da Lei. Ele fala sobre temas como:
- Ira: Não basta apenas não matar; também é necessário reconciliar-se com aqueles com quem temos problemas.
- Adultério: Não basta não cometer adultério, é preciso evitar até mesmo os pensamentos impuros.
- Divórcio: Jesus ensina que o divórcio só é permitido em casos de infidelidade, desafiando as normas de sua época.
- Amor ao Próximo e aos Inimigos: Ele manda amar não só o próximo, mas também os inimigos, orando por aqueles que nos perseguem.
Esses ensinamentos são um chamado para um padrão ético mais elevado e radical, que é moldado pelo amor e pela pureza de coração, refletindo o caráter de Deus.
6. A Prática da Religião (Mateus 6:1-18)
Jesus adverte contra a prática de obras religiosas com o intuito de ser visto pelos outros. Ele ensina que a verdadeira prática espiritual deve ser feita em segredo, para que Deus seja glorificado e não a pessoa. Em relação à oração, Ele nos ensina a oração do Pai Nosso, um modelo de como devemos nos aproximar de Deus, reconhecendo Sua santidade, buscando Seu Reino, pedindo perdão e perdão aos outros.
O foco aqui é que a religiosidade não deve ser uma exibição pública, mas uma relação íntima com Deus, buscando Sua vontade e confiando em Sua provisão.
7. A Ansiedade e a Confiança em Deus (Mateus 6:25-34)
Jesus ensina Seus discípulos a não se preocuparem com as necessidades materiais da vida, como comida e vestuário, mas a buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e Sua justiça. Ele usa exemplos da natureza, como os pássaros que não semeiam nem colhem, mas são alimentados por Deus, para ensinar que, assim como Deus cuida das criaturas, Ele cuidará de Seus filhos.
Esse ensino desafia a ansiedade humana, lembrando que a confiança em Deus é fundamental para uma vida plena, onde buscamos as coisas espirituais em primeiro lugar e confiamos na providência divina para o restante.
8. A Regra de Ouro e o Julgamento (Mateus 7:1-12)
Jesus ensina a “regra de ouro”, que diz: “Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o também a eles”. Esse princípio resume a ética cristã do amor ao próximo. Ele também fala sobre o julgamento, alertando contra a hipocrisia e incentivando a autocorreção antes de tentar corrigir os outros.
O Sermão da Montanha termina com uma exortação a construir a vida sobre a rocha sólida da palavra de Jesus, comparando aqueles que ouvem e praticam Seus ensinamentos aos sábios que constroem sua casa sobre a rocha. Isso ilustra a necessidade de fundamentar a vida na obediência aos ensinamentos de Jesus para enfrentar as adversidades com fé e segurança.